"A MENTORIA DE DEUS"
A partir do dia seguinte ao início da Páscoa é iniciada a "Contagem do Omer".
Mesmo após a destruição do Templo, no ano 70, o povo de Deus continuou praticando a contagem do Omer e a meditação nos princípios que ela ensina. A ordenança dessa prática está no texto de Levítico 23:15: "Contareis para vós desde o dia seguinte ao primeiro dia festivo, desde o dia em que tiverdes trazido o "ômer" da movimentação; sete semanas completas serão." (Tradução judaica original).
O Omer é uma medida de grãos de aproximadamente 2,2 litros. Todos os dias era preciso levar essa medida ao templo, observando o dia em que era ofertada. Desde o ano 70 não há mais Templo em Jerusalem, mas os princípios e as práticas da observância dos dias permaneceram.
No dia seguinte ao jantar de Páscoa (Seder), que nesse ano de 2023 começou no pôr do sol do dia 5 de abril, quarta-feira, foi iniciada a contagem do Omer por sete semanas (sete dias X sete semanas = 49). No término das sete semanas, no 50⁰ dia, é celebrada a Festa de Shavuot (Festa das Semanas, ou Festa de Pentecostes). Nesse dia também é celebrada a entrega das Leis que Deus deu a Moisés no Monte Sinai, cinquenta dias após a saída da terra do Egito (em hebraico, o nome "Egito" é "Mitzrayim" e significa 'os limites da fronteira').
Em Hebreus 10:1 é dito que "a lei é a sombra dos bens futuros e não a imagem exata das coisas". Há um paralelo da Torá (no antigo testamento) com o Novo testamento. Após a Páscoa, na ressurreição de Jesus, Ele ficou por 40 dias (um ciclo) aperfeiçoando os seus discípulos. Ao final desse período, Jesus volta para O Pai para poder enviar o Consolador, O Espírito Santo (João 6:17) que veio dez dias depois, somando, portanto, 40 + 10 = 50 (pentaconta em grego). O quinquagésimo dia é Shavuot, o dia da entrega das Leis, e também o dia de Pentecostes, o dia da Entrega do Espírito.
O povo judeu foi aperfeiçoado por 49 dias após a saída do Egito. Como isso não aconteceu, foi necessária a Lei e 40 anos de "aperfeiçoamento" no deserto.
Hoje, observar a contagem do Omer requer dedicação e disciplina. Somos desafiados a nos aperfeiçoarmos todos os dias, de uma forma progressiva - um gradualismo, uma jornada diária.
Para cada dia da semana, nós temos sete atributos humanos a serem aperfeiçoados por meio de sete atributos divinos, de modo que nos tornemos à Sua semelhança e nos preparemos para uma revelação mais profunda da Palavra de Deus e dos dons que O Espírito Santo nos capacita.
São esses os sete atributos emocionais:
1 - Chesed - bondade, caridade, benevolência.
2 - Guevurá - força, justiça, disciplina, moderação, reverência.
3 - Tiferet - beleza, equilíbrio, harmonia.
4 - Netzach - resistência, persistência, firmeza; superação, vitória.
5 - Hod - humildade, submissão, glória, esplendor.
6 - Yesod - vínculo, interdependência, princípio.
7 - Malchut - nobreza, soberania, liderança, reino material.
Cada atributo divino sobreposto ao atributo humano nos aperfeiçoa e transforma. Sendo assim, cada dia seremos aperfeiçoados em uma área específica.
A primeira semana será "Chesed" e no primeiro dia será chesed divina sobre a chesed humana, ou seja, a bondade divina moldando, matriciando a bondade humana.
No segundo dia nós teremos Guevurá sobre Chesed, ou seja, a força divina sobre a bondade humana, e assim sucessivamente.
Todas as noites, de preferência ao pôr do sol, na virada do dia, quando você ler a mensagem referente a contagem do Omer, procure estar em um local reservado e tranquilo onde você possa meditar em cada atributo do dia: no primeiro dia medite se a bondade que você pratica é uma bondade humana ou divina. Verifique se a sua bondade não é apenas esforço humano ou uma busca por reconhecimento e mérito. Esteja compenetrado. Depois, ore a Deus para que a bondade d'Ele seja a sua bondade.
Vamos lá, temos uma jornada, uma escalada de aperfeiçoamento por 49 dias, até o grande e glorioso dia de Celebrarmos O Espírito Santo. Um momento a ser celebrado muito mais do que a formatura de uma faculdade, pois se trata do desfecho de uma verdadeira MENTORIA DE DEUS.
Com amor,
Renato Saito